Cheat-devices: Vamos falar de Ferramentas de
Trapaças!
O Dreamcast também recebeu programas de trapaças
como GameShark, Action Replay, Xploder DC, X-Terminator DC e Code Breaker DC.
Na linha temporal dos acontecimentos envolvendo o Dreamcast, essas ferramentas
foram lançadas após a descoberta da falha de segurança do MIL-CD, explicado
brevemente em nosso artigo anterior “Os diversos CDs de Boot do Dreamcast”.
Bom, a empresa responsável pelo GameShark
lançou um CD prensado até bem bonito (a face de leitura era preta, igual aos
CDs originais do PlayStation™) que acompanhava uma fita VHS com instruções de
como utilizar, um VMU (sem tela) personalizado chamado “GameShark Hardware” que
era obrigatório o uso dele com o CD (senão o programa não iniciava) e uma caixa
com impressão metalizada muito bem feita. Não preciso dizer que essa era a
versão mais cara do programa, mas pouco tempo depois a empresa lançou a versão
“GameShark Lite” que dispensava o uso do GameShark Hardware.
Uma curiosidade sobre o GameShark que todos
conhecem no DC (que é a versão 3.3) foi a única a ser lançada pela empresa e
desconhecemos se existe uma versão mais antiga que ela (falar nisso, onde foram
as versões 1.0, 2.0, etc?), um fato curioso isso. Como os piratas estavam dando
uma atenção bem grande ao Dreamcast (até porque precisavam “tirar o atraso”),
visto que a recém descoberta de como piratear jogos em meados do ano 2000
permitiu os grupos fazerem até seus próprios programas, um grupo se dedicou a
estudar o código do GameShark 3.3 original e o crackeou, fazendo com que o
GameShark Hardware não fosse necessário na nova versão crackeada. E bom, se
você possui um CD do GameShark, foi graças a esses grupos de crackers que você
não precisa sair à caça do GameShark Hardware para usá-lo.
O Action Replay é basicamente a mesma coisa que o GameShark, sendo seu concorrente direto. Reza a lenda que a empresa por trás do GameShark veio depois, pegando o filão que o Action Replay tinha deste mercado.
Já o Xploder DC, X-Terminator DC e Code
Breaker DC são feitos pelas mesmas empresas. O X-Terminator DC foi distribuído
exclusivamente no Japão, enquanto chuto que o Xploder DC foi distribuído na
Europa e a América ficou com o Code Breaker DC (ou vice-versa). Esses softwares
citados vieram para destronar o Action Replay e GameShark, já que usavam uma
estrutura diferente e inovadora frente à esses antigos e consolidados programas
de “cheats”.
Por
que o “Code Breaker DC” é o melhor programa de cheats?
Nota: Citarei Code Breaker/CB daqui em diante no artigo
porque é o programa que mais se tornou popular no Dreamcast.
Direi o motivo do Code Breaker DC deixar
todos os outros programas obsoletos com a vinda dele para o nosso querido
Dreamcast. O comportamento comum dos “cheat devices”, ou programas de trapaças,
é se instalar em alguns lugares na memória volátil do console. Porém,
dependendo da quantidade de códigos ativos ou de suas características, o jogo
pode se comportar de forma inesperada, levando à instabilidades ou mesmo
levando o console ao travamento.
Como a estrutura do Action Replay e GameShark
são basicamente as mesmas, eles não exploraram o hardware do Dreamcast (por
falta de tempo e pressa para comercializar os produtos). Já a empresa por trás
do Code Breaker sim, tornando o programa o melhor disco de trapaças já lançado para o console.
Com a estrutura obsoleta do GameShark e
Action Replay, alguns jogos de outras regiões travam ou nem iniciam, igual com
o Boot Utopia. APENAS o Code Breaker permite o boot de forma confiável de TODOS
os jogos (inclusive de regiões diferentes) no console, inclusive, com seus
códigos selecionados! Sem mencionar que o uso da memória pelo Code Breaker é
otimizada e extremamente avançada. Mesmo com tudo isso, ele não é livre de
travamentos, mas sua estrutura se sobressai à seus concorrentes por ser bem
robusta.
Vamos pegar um exemplo real juntos!
O jogo Phantasy Star Online, desenvolvido pelo
Sonic Team, contém muitas proteções para evitar os discos de trapaças. Os
motivos além de manter o jogo limpo, visava a estabilidade dos servidores para
toda a comunidade, então GameShark e Action Replay não tinham o efeito esperado
(pelo menos no modo online) porque os códigos eram anulados da memória. O
sistema de segurança que o Sonic Team implantou no PSO era impossível de crackear,
já que havia ao menos 150 lugares no jogo que verificavam se a memória comumente
usada pelos cheat devices estavam limpas (caso estivesse algum código, ele
limpava). Só que eles não esperavam que o Code Breaker fosse tão avançado e
robusto para driblar essas proteções, já que ele mudou o lugar onde ele se
instalava.
Com isso, os competidores antigos ao Code
Breaker ficaram a ver navios, já que seus programas ficaram obsoletos diante deste
fantástico programa.
Code Breaker DC Crackeado!
Sim, até o Code Breaker
não escapou das mãos dos crackers! Acontece que o CD original do Code Breaker
DC é apenas um e ele permite apenas o boot de jogos originais, já que não foi
programado/pensado para dar boot em MIL-CDs (os CDs com funções multimídia que
explicamos anteriormente).
Com esta característica,
os crackers estudaram o programa e localizaram o código que faz o
reconhecimento dos discos. Como o programa é uma Caixa de Pandora, eles
preferiram deixar o programa intocado, mas desbloqueando a função de bootar
MIL-CDs com a ajuda de um boot, chamado “Code Breaker Boot”.
Este Code Breaker Boot é
um programa muito simples. Ele carrega na memória do console instruções para
adicionar suporte à CDs (MIL-CD) exclusivamente para o programa Code Breaker.
Seu uso é simples: Após
dar o boot no console (uns 10 segundos), aparecerá uma tela com uma mensagem
para você trocar o CD pelo do Code Breaker DC (software). Feito isto, aperte um
botão para carregar o programa.
Code Breaker modificando
jogos!
O Code Breaker é tão
avançado que foi capaz de realizar modificações no código do jogo Phantasy Star
Online para redirecionar a conexão dos servidores antigos da Sega para um novo servidor
privado. Os servidores oficiais da Sega de PSO versão 1 e 2 foram
descontinuados em 01/10/2003, mas a galera do grupo “Schthack” conseguiu
reviver o servidor pouco tempo depois.
Como a esmagadora
maioria dos jogadores possuíam uma cópia original do jogo, eles viram um método
que redirecionava a conexão pré-determinada (para o servidor da Sega) para o
servidor privado do Schthack.
Especulações:
1-
Testaram
com a versão de PC, a mais fácil de fazer modificações e anunciaram o projeto
de fazer os jogos de DC se conectarem no novo servidor.
2-
Testaram
o jogo com um emulador de DC e realizado testes com editor Hexadecimal para
alterar os valores e redirecionar para um novo endereço IP. Dando certo,
replicaram o teste com GameShark no DC e não funcionou.
3-
Para
aproveitar ao máximo as cópias originais do jogo e fazer com que ninguém
precise baixar uma cópia pirata modificada, testaram no Code Breaker como
último recurso e pimba! Funcionou!
Esta façanha salvou
todos: O Schthack de fazer e distribuir uma versão customizada do jogo já se
conectando no servidor novo. Poupou os usuários de ter que baixar o jogo pelos
métodos disponíveis na época (Peer-to-Mail, e-mule, fileshares da vida como
Mega Upload e Rapidshare, etc...) enquanto tinha uma cópia original mofando. Ou
mesmo de dar instruções como você mesmo possa modificar seu próprio jogo.
Ou seja, o que eles
fizeram beneficiou a todos! Ninguém precisou fazer nada além rodar o Code
Breaker no videogame e adicionar os códigos referentes à versão do jogo que possuíam
(PSO v1 EU, PSOv2 US) ou mesmo de baixar o save do Code Breaker com todos os
códigos necessários já prontos.
O Schthack anunciou que
a versão recomendada de se usar com o servidor deles era a PSOv2 US e usar uma
Serial e Access Key fornecida por eles, apesar de ter os códigos de acesso das
versões EU e JP. Para baixar o save, o usuário precisava acessar o site do
Schthack com qualquer navegador do Dreamcast (Planet Web, Dream Pass Port e
Dream Key).
Nada impede de no futuro
todos poderem voltar a jogar seus jogos originais com códigos que alteram o endereço
pré-determinado do jogo para um servidor privado via Code Breaker.
Outra coisa interessante
é que descobriram via código hexadecimal (em emuladores) e replicaram no Code
Breaker uma modificação que permite jogar seus jogos em formato Widescreen
(16:9) sem precisar modificar dentro do jogo e queimar uma nova mídia. Poucos
jogos do catálogo do Dreamcast permitem a mudança para Widescreen dentro do
jogo, como Rayman 2 e Test Drive V-Rally, então as possibilidades com o Code
Breaker são praticamente infinitas. Os mesmos entusiastas também testaram variações
de códigos para ver se os jogos do DC rodavam em televisões ultra-widescreen e
surpreendentemente rodaram sem distorções, como se fossem nativos!
Considerações
finais
Visto a quantidade de
vantagens que se tem ao aderir ao uso do Code Breaker DC, faz com que você
jogue agora mesmo seu Action Replay ou GameShark na lata do lixo.
A Xploder foi capaz de
tornar o AR e GS obsoletos do dia para a noite, então não há motivos para você
continuar usando seu GS (caso tenha o original, fique com ele de lembrança),
mude agora para o Code Breaker porque ele é muito útil!
Por Daniel S.
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