sexta-feira, 28 de julho de 2017

Ferramentas de Trapaças


Cheat-devices: Vamos falar de Ferramentas de Trapaças!




O Dreamcast também recebeu programas de trapaças como GameShark, Action Replay, Xploder DC, X-Terminator DC e Code Breaker DC. Na linha temporal dos acontecimentos envolvendo o Dreamcast, essas ferramentas foram lançadas após a descoberta da falha de segurança do MIL-CD, explicado brevemente em nosso artigo anterior “Os diversos CDs de Boot do Dreamcast”.





Bom, a empresa responsável pelo GameShark lançou um CD prensado até bem bonito (a face de leitura era preta, igual aos CDs originais do PlayStation™) que acompanhava uma fita VHS com instruções de como utilizar, um VMU (sem tela) personalizado chamado “GameShark Hardware” que era obrigatório o uso dele com o CD (senão o programa não iniciava) e uma caixa com impressão metalizada muito bem feita. Não preciso dizer que essa era a versão mais cara do programa, mas pouco tempo depois a empresa lançou a versão “GameShark Lite” que dispensava o uso do GameShark Hardware.







Uma curiosidade sobre o GameShark que todos conhecem no DC (que é a versão 3.3) foi a única a ser lançada pela empresa e desconhecemos se existe uma versão mais antiga que ela (falar nisso, onde foram as versões 1.0, 2.0, etc?), um fato curioso isso. Como os piratas estavam dando uma atenção bem grande ao Dreamcast (até porque precisavam “tirar o atraso”), visto que a recém descoberta de como piratear jogos em meados do ano 2000 permitiu os grupos fazerem até seus próprios programas, um grupo se dedicou a estudar o código do GameShark 3.3 original e o crackeou, fazendo com que o GameShark Hardware não fosse necessário na nova versão crackeada. E bom, se você possui um CD do GameShark, foi graças a esses grupos de crackers que você não precisa sair à caça do GameShark Hardware para usá-lo.

O Action Replay é basicamente a mesma coisa que o GameShark, sendo seu concorrente direto. Reza a lenda que a empresa por trás do GameShark veio depois, pegando o filão que o Action Replay tinha deste mercado.









Já o Xploder DC, X-Terminator DC e Code Breaker DC são feitos pelas mesmas empresas. O X-Terminator DC foi distribuído exclusivamente no Japão, enquanto chuto que o Xploder DC foi distribuído na Europa e a América ficou com o Code Breaker DC (ou vice-versa). Esses softwares citados vieram para destronar o Action Replay e GameShark, já que usavam uma estrutura diferente e inovadora frente à esses antigos e consolidados programas de “cheats”.











Por que o “Code Breaker DC” é o melhor programa de cheats?

Nota: Citarei Code Breaker/CB daqui em diante no artigo porque é o programa que mais se tornou popular no Dreamcast.

Direi o motivo do Code Breaker DC deixar todos os outros programas obsoletos com a vinda dele para o nosso querido Dreamcast. O comportamento comum dos “cheat devices”, ou programas de trapaças, é se instalar em alguns lugares na memória volátil do console. Porém, dependendo da quantidade de códigos ativos ou de suas características, o jogo pode se comportar de forma inesperada, levando à instabilidades ou mesmo levando o console ao travamento.

Como a estrutura do Action Replay e GameShark são basicamente as mesmas, eles não exploraram o hardware do Dreamcast (por falta de tempo e pressa para comercializar os produtos). Já a empresa por trás do Code Breaker sim, tornando o programa o melhor disco de trapaças já lançado para o console.






Com a estrutura obsoleta do GameShark e Action Replay, alguns jogos de outras regiões travam ou nem iniciam, igual com o Boot Utopia. APENAS o Code Breaker permite o boot de forma confiável de TODOS os jogos (inclusive de regiões diferentes) no console, inclusive, com seus códigos selecionados! Sem mencionar que o uso da memória pelo Code Breaker é otimizada e extremamente avançada. Mesmo com tudo isso, ele não é livre de travamentos, mas sua estrutura se sobressai à seus concorrentes por ser bem robusta.






Vamos pegar um exemplo real juntos!

O jogo Phantasy Star Online, desenvolvido pelo Sonic Team, contém muitas proteções para evitar os discos de trapaças. Os motivos além de manter o jogo limpo, visava a estabilidade dos servidores para toda a comunidade, então GameShark e Action Replay não tinham o efeito esperado (pelo menos no modo online) porque os códigos eram anulados da memória. O sistema de segurança que o Sonic Team implantou no PSO era impossível de crackear, já que havia ao menos 150 lugares no jogo que verificavam se a memória comumente usada pelos cheat devices estavam limpas (caso estivesse algum código, ele limpava). Só que eles não esperavam que o Code Breaker fosse tão avançado e robusto para driblar essas proteções, já que ele mudou o lugar onde ele se instalava.

Com isso, os competidores antigos ao Code Breaker ficaram a ver navios, já que seus programas ficaram obsoletos diante deste fantástico programa.


Code Breaker DC Crackeado!

Sim, até o Code Breaker não escapou das mãos dos crackers! Acontece que o CD original do Code Breaker DC é apenas um e ele permite apenas o boot de jogos originais, já que não foi programado/pensado para dar boot em MIL-CDs (os CDs com funções multimídia que explicamos anteriormente).

Com esta característica, os crackers estudaram o programa e localizaram o código que faz o reconhecimento dos discos. Como o programa é uma Caixa de Pandora, eles preferiram deixar o programa intocado, mas desbloqueando a função de bootar MIL-CDs com a ajuda de um boot, chamado “Code Breaker Boot”.

Este Code Breaker Boot é um programa muito simples. Ele carrega na memória do console instruções para adicionar suporte à CDs (MIL-CD) exclusivamente para o programa Code Breaker.

Seu uso é simples: Após dar o boot no console (uns 10 segundos), aparecerá uma tela com uma mensagem para você trocar o CD pelo do Code Breaker DC (software). Feito isto, aperte um botão para carregar o programa.


Code Breaker modificando jogos!

O Code Breaker é tão avançado que foi capaz de realizar modificações no código do jogo Phantasy Star Online para redirecionar a conexão dos servidores antigos da Sega para um novo servidor privado. Os servidores oficiais da Sega de PSO versão 1 e 2 foram descontinuados em 01/10/2003, mas a galera do grupo “Schthack” conseguiu reviver o servidor pouco tempo depois.

Como a esmagadora maioria dos jogadores possuíam uma cópia original do jogo, eles viram um método que redirecionava a conexão pré-determinada (para o servidor da Sega) para o servidor privado do Schthack.




Especulações:

1-    Testaram com a versão de PC, a mais fácil de fazer modificações e anunciaram o projeto de fazer os jogos de DC se conectarem no novo servidor.

2-    Testaram o jogo com um emulador de DC e realizado testes com editor Hexadecimal para alterar os valores e redirecionar para um novo endereço IP. Dando certo, replicaram o teste com GameShark no DC e não funcionou.

3-    Para aproveitar ao máximo as cópias originais do jogo e fazer com que ninguém precise baixar uma cópia pirata modificada, testaram no Code Breaker como último recurso e pimba! Funcionou!



Esta façanha salvou todos: O Schthack de fazer e distribuir uma versão customizada do jogo já se conectando no servidor novo. Poupou os usuários de ter que baixar o jogo pelos métodos disponíveis na época (Peer-to-Mail, e-mule, fileshares da vida como Mega Upload e Rapidshare, etc...) enquanto tinha uma cópia original mofando. Ou mesmo de dar instruções como você mesmo possa modificar seu próprio jogo.


Ou seja, o que eles fizeram beneficiou a todos! Ninguém precisou fazer nada além rodar o Code Breaker no videogame e adicionar os códigos referentes à versão do jogo que possuíam (PSO v1 EU, PSOv2 US) ou mesmo de baixar o save do Code Breaker com todos os códigos necessários já prontos.


O Schthack anunciou que a versão recomendada de se usar com o servidor deles era a PSOv2 US e usar uma Serial e Access Key fornecida por eles, apesar de ter os códigos de acesso das versões EU e JP. Para baixar o save, o usuário precisava acessar o site do Schthack com qualquer navegador do Dreamcast (Planet Web, Dream Pass Port e Dream Key).


Nada impede de no futuro todos poderem voltar a jogar seus jogos originais com códigos que alteram o endereço pré-determinado do jogo para um servidor privado via Code Breaker.


Outra coisa interessante é que descobriram via código hexadecimal (em emuladores) e replicaram no Code Breaker uma modificação que permite jogar seus jogos em formato Widescreen (16:9) sem precisar modificar dentro do jogo e queimar uma nova mídia. Poucos jogos do catálogo do Dreamcast permitem a mudança para Widescreen dentro do jogo, como Rayman 2 e Test Drive V-Rally, então as possibilidades com o Code Breaker são praticamente infinitas. Os mesmos entusiastas também testaram variações de códigos para ver se os jogos do DC rodavam em televisões ultra-widescreen e surpreendentemente rodaram sem distorções, como se fossem nativos!






Considerações finais

Visto a quantidade de vantagens que se tem ao aderir ao uso do Code Breaker DC, faz com que você jogue agora mesmo seu Action Replay ou GameShark na lata do lixo.


A Xploder foi capaz de tornar o AR e GS obsoletos do dia para a noite, então não há motivos para você continuar usando seu GS (caso tenha o original, fique com ele de lembrança), mude agora para o Code Breaker porque ele é muito útil!



Por Daniel S.

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